SINAIS DE QUE O SEU CORE NÃO ESTÁ FUNCIONANDO BEM

Você já ouviu falar que ter um “core forte” é importante, mas sabe o que isso realmente significa? No blog QueroFisio, vamos descomplicar esse assunto! Hoje, vamos conversar sobre o que é o core, como ele funciona e, principalmente, quais são os sinais de que ele pode não estar trabalhando como deveria. 
Respiração diafragmática

Core “Fraco” ou “Forte”? Desvendando o Mito!

Olha, preciso confessar uma coisa: eu não gosto muito dessa expressão “core fraco” ou “core forte”. Sabe por quê? Existem pessoas com músculos abdominais super definidos, que conseguem fazer centenas de abdominais, ficar minutos na prancha ou fazer extensões de tronco como ninguém, mas, mesmo assim, posso te dizer que elas podem ter um core que não funciona da melhor forma. Não é que seja exatamente “fraco” no sentido de força muscular pura, entende? É mais uma questão de função e coordenação.

Entendendo o “Time Interno”: O Sistema de Estabilização

Deixa eu te explicar rapidinho o que a gente chama de “Sistema de Estabilização Espinhal Integrado”. Pense nele como a “equipe de elite” do seu core, trabalhando silenciosamente para te manter estável. Essa equipe inclui:

  • Diafragma: Nosso principal músculo da respiração, localizado logo abaixo das costelas. Ele não serve só para respirar!
  • Músculos do Assoalho Pélvico: Formam a base da sua pelve, como um “chão” que sustenta os órgãos e ajuda na estabilidade.
  • Transverso do Abdômen: É a camada mais profunda do abdômen, agindo como uma cinta natural que envolve sua cintura.
  • Multífidos Lombares: Pequenos, mas poderosos músculos que ficam bem junto à coluna, conectando as vértebras.

Nota Técnica: O termo Sinergia, neste contexto, significa que esses músculos não trabalham isoladamente, mas sim em conjunto, de forma coordenada e no tempo certo, para criar estabilidade. Como uma orquestra afinada!

O grande segredo é que esses músculos devem trabalhar em sinergia para criar a famosa Pressão Intra-abdominal (PIA) e estabilizar a sua coluna e pelve antes e durante qualquer movimento dos seus braços ou pernas. Ou seja, antes mesmo de você pensar em se mexer, seu core funcional já deveria estar se preparando!

A Mágica da PIA: Seu “Airbag” Interno

Quando esses músculos da “equipe” se contraem de forma coordenada (principalmente quando você solta o ar de forma controlada ou se prepara para um esforço), eles diminuem um pouco o volume dentro da sua barriga, e isso aumenta a pressão lá dentro – essa é a PIA.

Nota Técnica: A Pressão Intra-abdominal (PIA) não é simplesmente “prender a respiração”. É uma pressão controlada, gerada pela co-contração coordenada do diafragma, transverso abdominal e assoalho pélvico, que transforma o tronco num cilindro rígido e estável.

Essa pressão interna age em todas as direções, como uma força que empurra de dentro para fora. O mais importante aqui é que ela cria um suporte na frente das suas vértebras lombares e torácicas inferiores. Pense nessa PIA como um “airbag” ou um “cilindro hidráulico” funcionando na frente da sua coluna. Ela cria um suporte semirrígido que ajuda a:

  • Resistir às forças que tentam dobrar sua coluna lombar para frente (flexão).
  • Reduzir a carga que comprime seus discos e vértebras pela frente.
  • Dar estabilidade geral para sua região lombopélvica quando você pega peso ou se desequilibra.

Portanto, a estabilidade que vem da frente depende diretamente dessa sua capacidade de gerar e regular a PIA.

Pressão intra abdominal
Este esquema de estabilização ilustra que a região cervical e a parte superior do tórax são estabilizadas por uma atividade equilibrada entre os músculos flexores profundos do pescoço e os extensores da coluna. Já nos segmentos torácico inferior e lombar, a estabilidade anterior da área lombopélvica depende crucialmente da regulação da pressão intra-abdominal, enquanto a estabilização posterior é assegurada primariamente pelos músculos extensores intrínsecos da coluna.

Hérnia de Disco e a Confusão do “Fortalecimento”

Aqui entra um ponto interessante: muitas pessoas com hérnia de disco, por exemplo, têm disfunções nesse sistema de PIA. Elas frequentemente acham que precisam apenas “fortalecer a coluna” fazendo movimentos de extensão do tronco (dobrando para trás). Mas, na verdade, muitas vezes elas já possuem músculos extensores das costas fortes (às vezes até tensos demais por compensação!). O que frequentemente falta é o suporte anterior, ou seja, uma boa gestão da PIA.

Enquanto a PIA oferece o suporte pela frente, a estabilidade que vem por trás (resistência à extensão excessiva, controle fino dos movimentos, postura ereta) é função principalmente dos músculos profundos das costas, os extensores intrínsecos.

Nota Técnica: Os Extensores Intrínsecos da Coluna incluem músculos como os multífidos, rotatores, intertransversários e interespinhosos. Eles agem diretamente nas vértebras, como “ajustadores finos”, controlando o movimento segmento por segmento e garantindo a estabilidade posterior.

Esses músculos atuam direto nas vértebras, ajustando a posição delas e dando aquele controle preciso. Ambos os sistemas (PIA na frente, extensores atrás) precisam trabalhar juntos!

abdominal tradicional
Os abdominais tradicionais fortalecem principalmente os músculos retos abdominais, responsáveis pela flexão do tronco, mas ativam pouco as fibras dos oblíquos, que são essenciais para estabilizar a pelve e prevenir a inclinação pélvica anterior.

Core Funcional: Além da Aparência

Muita gente acha que um core forte é sinônimo de músculos visíveis, mas, na minha opinião, isso não é bem verdade. Para mim, um core forte (ou melhor, funcional!) é um core:

  • Bem Posicionado: A postura e o alinhamento são fundamentais.
  • Bem Coordenado: Treinado em termos de sinergia motora (trabalho em equipe dos músculos).
  • Automático e Eficiente: Que funciona bem no dia a dia, seja de forma consciente nos exercícios ou de forma automática.

Primeiramente, entenda que a posição do núcleo é fundamental. Gosto de usar a referência da “Pilha”: seu corpo funciona melhor quando a caixa torácica está bem alinhada (“empilhada”) sobre a pelve.

A Pilha.
“Esta ilustração demonstra a íntima relação entre a postura esquelética e a posição diafragmática. Como o diafragma integra o sistema de estabilização do tronco, seu mau posicionamento postural pode levar a uma regulação ineficiente da pressão intra-abdominal (PIA). A falta de uma PIA ótima compromete a estabilidade necessária para a execução de movimentos funcionais dos membros, o que frequentemente força o corpo a adotar compensações prejudiciais. Consequentemente, realizar treinos de força sem antes restaurar a função estabilizadora e a adequada gestão da PIA é uma abordagem ineficaz e potencialmente lesiva.”

Nota Técnica: A postura da “Pilha” (ou empilhamento) refere-se ao alinhamento ideal onde o centro da caixa torácica se encontra verticalmente sobre o centro da pelve. Isso otimiza a posição do diafragma e do assoalho pélvico, permitindo uma melhor gestão da PIA e ativação do core.

Educar seu corpo a encontrar essa “Pilha” é o primeiro objetivo, pois otimiza a função do diafragma.

Segundo, padrões de movimento corretos melhoram esse posicionamento e criam um aprendizado neuromotor (seu cérebro e músculos aprendem a trabalhar juntos de forma mais eficiente), garantindo que seu corpo use mais o core e menos compensações dolorosas.

Essencialmente, quando falta essa estabilização central, seu corpo é forçado a encontrar estabilidade “onde pode”, levando à sobrecarga, tensão e dor em músculos e articulações que não deveriam estar fazendo esse trabalho.

5 Sinais de Que Seu Core Pode Precisar de Atenção

Sabendo de tudo isso, quero te mostrar alguns sinais que indicam que seu core pode não estar funcionando tão bem assim. Não vou focar aqui em diagnósticos específicos (dor lombar, hérnia, etc., embora possam estar relacionados), mas sim em sinais visíveis ou perceptíveis que você mesmo pode observar:

1. Respiração Superficial ou Dificuldade em Soprar

Você sente dificuldade em fazer bolhas na água, soprar instrumentos de sopro, ou até encher um balão com força? Sua respiração parece mais “no peito” do que “na barriga”? Isso pode indicar dificuldade em usar bem o diafragma e gerar PIA, talvez por um padrão respiratório menos eficiente.

Nota Técnica: Um padrão respiratório “hiperinsuflado” ou apical significa que a pessoa usa excessivamente os músculos do pescoço e do peito para respirar, mantendo o tórax elevado e limitando a descida eficiente do diafragma.

2. Desequilíbrio Visível: Oblíquos Fracos x Paravertebrais Tensos

Observe o que acontece quando você faz uma extensão do tronco deitado de bruços (levantando o peito do chão). A parede abdominal lateral parece “saltar” para fora (formando uma curva convexa)? Enquanto isso, os músculos ao lado da coluna (paravertebrais) ficam muito tensos, como “cordas”? E a linha central do abdômen parece “afundar”? Isso pode indicar que seus oblíquos não estão ativos o suficiente e os paravertebrais estão compensando demais.

Nota Técnica: Os Oblíquos (interno e externo) formam a parede lateral do abdômen e são cruciais para controlar a rotação e estabilizar o tronco lateralmente, trabalhando junto com o transverso na gestão da PIA. Os Paravertebrais são os músculos extensores ao longo da coluna.

Paciente realizando teste de extensão de tronco em pronação, com setas indicando compensações: hiperatividade de paravertebrais e rotadores externos, inclinação pélvica anterior e abaulamento abdominal.
A imagem ilustra um paciente com falhas no sistema de estabilização profunda da coluna durante um teste de extensão do tronco. Devido à desativação ou inibição desses músculos estabilizadores essenciais, o corpo recorre a estratégias compensatórias para realizar o movimento, resultando em um padrão disfuncional: observa-se uma hiperatividade dos músculos superficiais, como os eretores da espinha na região toracolombar e lombossacra (indicados pelas setas horizontais grossas) e os rotadores externos dos ombros (setas curvas), que tentam suprir a falta de suporte profundo. Além disso, a falta de controle central leva a uma inclinação pélvica anterior (setas oblíquas grossas) e a um abaulamento das paredes abdominais laterais (setas finas), evidenciando a dificuldade em manter a estabilidade e a pressão intra-abdominal adequadas, caracterizando uma função postural inadequada.

 

3. Compensação nos Isquiotibiais e Panturrilhas

Se o seu core falha em estabilizar a pelve, os isquiotibiais (músculos de trás da coxa) e os surrais (panturrilha) são frequentemente recrutados em excesso para tentar “segurar” a estrutura. Eles acabam fazendo um trabalho que não é deles!

Sinal Comum: Câimbras frequentes ou sensação de tensão excessiva atrás da coxa ou na panturrilha, especialmente ao segurar posições (isometria) ou durante caminhada/corrida (panturrilha tentando compensar falta de impulso do glúteo/core).

Nota Técnica: Os Isquiotibiais são um grupo muscular posterior da coxa que cruza o quadril e o joelho. Os Surrais são os músculos da panturrilha (gastrocnêmio e sóleo). A hiperativação deles é uma estratégia compensatória comum quando a estabilização proximal (core e glúteos) é ineficiente.

4. Costelas Elevadas (“Rib Flare”)

Olhe-se de lado no espelho. Suas costelas inferiores da frente parecem “abrir” ou “saltar” para fora e para cima? Isso é o rib flare. Geralmente indica um desalinhamento entre a caixa torácica e a pelve (a famosa postura de “tesoura”), o que tira o diafragma da sua posição ideal e prejudica a função do core.

Nota Técnica: O Rib Flare visível muitas vezes se correlaciona com uma limitação na expiração completa e uma posição do diafragma menos eficiente para gerar PIA e promover estabilidade torácica inferior.

Costelas Arqueadas
O paciente demonstra um padrão de estabilização disfuncional em supino, marcado por evidente tensão cervical, com o pescoço estendido devido à ativação excessiva de músculos superficiais (como ECM e escalenos). Observa-se também o tórax elevado, numa posição ‘inspiratória’ com as costelas inferiores salientes. A falta de estabilidade do core é evidenciada pela extensão na junção toracolombar (dorso arqueado sem contato total com a maca) e pelo abaulamento das seções laterais da parede abdominal, indicando má regulação da pressão intra-abdominal.

5. Torcicolos Recorrentes por Falta de Estabilização Torácica

Um core “não funcional”, que falha em dar estabilidade adequada à coluna torácica (a base para o pescoço), força a musculatura cervical a trabalhar excessivamente para compensar. Essa sobrecarga crônica deixa os músculos do pescoço vulneráveis a espasmos agudos (torcicolo), mesmo por gatilhos pequenos, explicando a recorrência em algumas pessoas.

Como Começar a Melhorar a Função do Core?

Identificou algum desses sinais? Calma! O importante é saber que existem formas de reeducar seu core. Aqui estão algumas estratégias fundamentais (converse sempre com seu fisioterapeuta para um plano individualizado):

Estratégia ChaveComo Aplicar (Conceito Geral)
1. Encontre a “Pilha”Busque conscientemente alinhar sua caixa torácica sobre a pelve no dia a dia (sentado, em pé). Evite posturas de “tesoura” (bumbum muito empinado ou pelve muito para trás).
2. Respire com o DiafragmaPratique inspirar expandindo a barriga e as costelas inferiores para os lados e para trás (respiração 360°), e expirar completamente, sentindo a ativação suave do abdômen profundo.
3. Ative o Core ProfundoAprenda a ativar suavemente o transverso do abdômen (“puxar o umbigo para dentro e para cima”) e o assoalho pélvico, coordenando com a expiração, sem tensionar músculos superficiais.
4. Integre em MovimentosAplique esses princípios de alinhamento, respiração e ativação em exercícios funcionais e nas suas atividades diárias, focando na qualidade do movimento e evitando compensações.

Perguntas Frequentes (FAQ)

Preciso ter abdômen definido para ter um core funcional?

Não! Como vimos, a função do core envolve músculos profundos e coordenação, não apenas a aparência dos músculos superficiais como o reto abdominal (“tanquinho”). É possível ter um core super funcional sem ter um abdômen definido, e vice-versa.

Prancha é o melhor exercício para o core?

A prancha é um ótimo exercício para treinar a resistência isométrica do core, mas não é o único nem necessariamente o “melhor” para todos. Um bom programa de core deve incluir exercícios que trabalhem a respiração, a ativação profunda, a estabilidade em diferentes planos e a integração com movimentos funcionais.

Como sei se meu core está melhorando com o treino?

Você pode notar melhora na postura, respiração mais fácil e profunda, menos episódios de dor (lombar, torcicolo), maior facilidade e controle ao realizar movimentos ou exercícios, e redução daquela tensão compensatória nos isquiotibiais ou panturrilhas.

Dor lombar é sempre sinal de core “fraco”?

Não necessariamente “fraco” no sentido de força, mas frequentemente está associada a um core *disfuncional*, ou seja, que não está estabilizando corretamente. A dor lombar pode ter muitas causas, mas avaliar e reeducar a função do core é quase sempre uma parte importante do tratamento e prevenção.

Conclusão: Seu Core Inteligente é a Chave!

Percebeu como ter um core funcional vai muito além da força bruta ou da estética? Trata-se de ter uma “equipe interna” bem coordenada, trabalhando de forma inteligente para te dar suporte, estabilidade e permitir que você se mova com mais eficiência e menos dor.

Ao prestar atenção a esses sinais e investir em estratégias focadas na função – como melhorar a postura da “Pilha” e a respiração diafragmática –, você pode realmente transformar a forma como seu corpo funciona no dia a dia. No QueroFisio, nosso objetivo é te ajudar a entender seu corpo e a conquistar mais qualidade de vida.

Que tal começar hoje a cuidar do seu core de forma inteligente? Sua coluna, seu pescoço, seus quadris (e seu bem-estar geral!) certamente vão agradecer!

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